sábado, 12 de março de 2022

Sistema de Plantio Direto da Cebola

 

Este método é utilizado, principalmente, por médios e grandes produtores, que normalmente dispõem de sistema de irrigação por aspersão do tipo pivô-central.

A semeadura é realizada mecanicamente por meio de semeadoras convencionais ou a vácuo, utilizando-se entre 3 e 5 kg de sementes por hectare. As semeadoras a vácuo fazem a semeadura com maior precisão e utilizando menor quantidade de sementes que as de distribuição mecânica.

A maioria dos produtores realizam a semeadura de março a abril, em canteiros com 1,3 a 2,0 m de largura no topo e 15 a 20 cm de altura (Figura 1). Em alguns casos, a semeadura é realizada diretamente na superfície do solo, sem utilização de canteiros, de modo a aumentar o número de plantas por área, pela eliminação das ruas entre canteiros. Neste caso, deve-se evitar épocas ou locais sujeitos ao encharcamento.

A semeadura é feita em linhas simples ou duplas, conforme a máquina empregada, a 1,0–1,5 cm de profundidade. Quando se utilizam linhas duplas espaçadas cerca de 12 cm entre si e 18 cm entre as linhas duplas, trabalha-se com até 20 sementes por metro linear em cada linha. No caso de uso de linhas simples, mais comum quando se cultiva cebola no sistema de plantio direto (SPD), são dispostas até 45 sementes por metro linear.

Para semeadura direta em pequenas áreas, existem equipamentos rústicos, basicamente cilindros ou latas perfuradas, desenvolvidos e/ou adaptados pelos próprios agricultores.

Observa-se tendência de aumento no estande e, consequentemente, no número de sementes por metro linear no plantio. O limite no estande tem sido definido pela tolerância da cultivar ao adensamento, devendo-se considerar que os bulbos de cebola apresentam grande capacidade de arranjo espacial em altas densidades na linha de plantio. Observa-se que bulbos aparentemente deformados no campo, por vezes até triangulares, em função do adensamento de plantas, tendem a se arredondar no processo de cura, reduzindo estas deformações.

O método de semeadura direta, associado à escolha de cultivares híbridas que toleram o adensamento, permite atingir altas populações finais, por vezes superiores a um milhão de plantas por hectare, assim como altas produtividades, superiores a 100 t.ha-1.

A semeadura direta no SPD vem sendo realizado com sucesso em algumas regiões, especialmente em São José do Rio Pardo, SP, pelo uso de semeadoras a vácuo com mecanismos de corte da palhada. O espaçamento entre linhas de plantio é de 30 a 45 cm e o número de sementes por metro linear utilizado varia de 30 a 45, resultando em uma população de 800 a 1.200 mil plantas por ha na semeadura e 650 a 900 mil plantas por ha na colheita.

As dificuldades mecânicas com relação a obter uma eficiente distribuição de sementes em função da maior irregularidade da superfície, que não é revolvida, e da presença de resíduos culturais, muitas vezes irregularmente distribuídos sobre o solo, vem sendo solucionadas pelo desenvolvimento e adaptação das plantadoras.

Predomina o uso do milho como planta fornecedora de palhada para o SPD em cebola. Mesmo após sua trituração, é difícil a operação da semeadora sobre palhada de milho. Alguns produtores, para reduzir este problema, tem efetuado uma leve gradagem niveladora, incorporando parcial e superficialmente a palhada, facilitando a operação da máquina.

A esta prática no início chamou-se vulgarmente de “cultivo mínimo”, termo equivocado visto que o revolvimento é bem maior que no SPD e que “cultivo mínimo” e “plantio direto” são sinônimos para muitos técnicos, inclusive em literatura internacional – “minimum tillage” e “no-tillage”. Passou-se então a adotar o termo “gradinha” ou tecnicamente “plantio com preparo reduzido”. Todavia, o plantio com preparo reduzido revolve superficialmente o solo, desestruturando-o, e acelera a decomposição da palhada. A utilização de plantas de cobertura que forneçam palhada mais fina como o milheto ou a aveia pode melhorar o sistema, devendo-se avaliar sua viabilidade econômica, sempre considerando as realidades locais.

Particularmente para cultivos de verão, o semeio no local definitivo sobre a palhada pode proporcionar incrementos produtivos quando comparado ao sistema convencional com o semeio em solo descoberto, em função do enorme efeito maléfico causado pelas fortes chuvas que ocorrem nesta época no estágio inicial de desenvolvimento da cultura, comprometendo o estande final. 

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