terça-feira, 10 de outubro de 2017

Frango caipira com ora-pro-nóbis

Frango caipira com ora-pro-nóbis



Seu nome popular vem da época em que as missas ainda eram proferidas em latim. Reza a lenda que foi dado pelos mineiros da região de Sabará, nos tempos coloniais. Por lá, as igrejas eram cercadas de grande moitas do vegetal, mas os padres não deixavam que fossem colhidas. Então, na missa matinal, durante a ladainha do Ora pro nóbis, que era bastante extensa, as famílias aproveitavam para apanhar as suas folhas e garantir o almoço.

Ora pro nóbis quer dizer "orai por nós" mas o nome científico da planta é Pereskia aculeata, uma cactácea que nasce em formato de trepadeira espinhenta e, por isso, é muito usada também como cerca-viva. Rústica e de fácil cultivo, ela se desenvolve em praticamente qualquer tipo de solo e suas folhas comestíveis são altamente nutritivas. Ê originária do Norte ao Sul do continente americano e cultivada como planta ornamental. No Brasil, porém, seu uso na alimentação é sucesso comprovado, conhecido e abencoado.
Bem à moda mineira, a hortaliça é também conhecida por aqui como lobrobó ou orabrobó, derivações do seu nome em latim. Querida dos mineiros, a folhinha encanta os turistas, que aprovam as receitas tradicionais elaboradas com ela. Em Ouro Preto, Diamantina, São João deI-Rei e Tiradentes, o frango caipira e a costelinha de porco com ora-pro-nóbis, acompanhados de angu mole e arroz bem cozidinho com bastante alho, garantem generosos e sinceros aplausos. Em Sabará, é estrela da festa que será realizada de 19 a 27 de maio. Por lá, é possível degustar receitas inusitadas preparadas com a planta, como marreco com ora-pro-nóbis.
Secas e moídas, as folhas podem ser usadas para dar sabor e cor a omeletes, pizzas, pastéis, tortas e refogados. Muitos a preferem crua, em saladas; outros a trituram com água e a misturam a pães e massas em geral, agregando-lhes mais nutrientes. Pelo seu alto teor de proteína, algo em torno de 25%, e por ser rica também em vitaminas A, B e C e em magnésio, fósforo e cálcio, é apelidada de "carne dos pobres".
Sempre em busca de novos produtos, a indústria alimentícia começa a desenvolver a farinha de ora-pro-nóbis. Já circulam pela internet várias receitas à base do pó, cujo consumo promete um cardápio de benefícios. As folhas de ora-pro-nóbis são carnudas, como se tivessem uma polpa interna. Isso garante que não se desmanchem completamente nos cozimentos. De um intenso e brilhante verde-escuro, dão colorido às preparações. No entanto, quando cortadas ou rasgadas com a mão, soltam uma babinha que lembra a do quiabo, o que as toma mais originais e interessantes.
Seguindo as regras de preparo de toda e qualquer hortaliça, quanto menos cozimento mais crocantes e nutritivas elas ficam. É depois das chuvaradas desta época do ano que as cercas-vidas da planta, repletas de folhas viçosas, estão prontas para a colheita. É bom, porém, tomar cuidado com os espinhos. Aos leitores do Degusta, lembramos que a simplicidade é a melhor maneira de agradar. Por isso, sugerimos hoje uma receita bem tradicional e saborosa feita com a planta.

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