Frango caipira com ora-pro-nóbis
Seu
nome popular vem da época em que as missas ainda eram proferidas em
latim. Reza a lenda que foi dado pelos mineiros da região de Sabará,
nos tempos coloniais. Por lá, as igrejas eram cercadas de grande
moitas do vegetal, mas os padres não deixavam que fossem colhidas.
Então, na missa matinal, durante a ladainha do Ora pro nóbis, que
era bastante extensa, as famílias aproveitavam para apanhar as suas
folhas e garantir o almoço.
Ora
pro nóbis quer dizer "orai por nós" mas o nome científico
da planta é Pereskia aculeata, uma cactácea que nasce em formato de
trepadeira espinhenta e, por isso, é muito usada também como
cerca-viva. Rústica e de fácil cultivo, ela se desenvolve em
praticamente qualquer tipo de solo e suas folhas comestíveis são
altamente nutritivas. Ê originária do Norte ao Sul do continente
americano e cultivada como planta ornamental. No Brasil, porém, seu
uso na alimentação é sucesso comprovado, conhecido e
abencoado.
Bem
à moda mineira, a hortaliça é também conhecida por aqui como
lobrobó ou orabrobó, derivações do seu nome em latim. Querida dos
mineiros, a folhinha encanta os turistas, que aprovam as receitas
tradicionais elaboradas com ela. Em Ouro Preto, Diamantina, São João
deI-Rei e Tiradentes, o frango caipira e a costelinha de porco com
ora-pro-nóbis, acompanhados de angu mole e arroz bem cozidinho com
bastante alho, garantem generosos e sinceros aplausos. Em Sabará, é
estrela da festa que será realizada de 19 a 27 de maio. Por lá, é
possível degustar receitas inusitadas preparadas com a planta, como
marreco com ora-pro-nóbis.
Secas
e moídas, as folhas podem ser usadas para dar sabor e cor a
omeletes, pizzas, pastéis, tortas e refogados. Muitos a preferem
crua, em saladas; outros a trituram com água e a misturam a pães e
massas em geral, agregando-lhes mais nutrientes. Pelo seu alto teor
de proteína, algo em torno de 25%, e por ser rica também em
vitaminas A, B e C e em magnésio, fósforo e cálcio, é apelidada
de "carne dos pobres".
Sempre
em busca de novos produtos, a indústria alimentícia começa a
desenvolver a farinha de ora-pro-nóbis. Já circulam pela internet
várias receitas à base do pó, cujo consumo promete um cardápio de
benefícios. As folhas de ora-pro-nóbis são carnudas, como se
tivessem uma polpa interna. Isso garante que não se desmanchem
completamente nos cozimentos. De um intenso e brilhante verde-escuro,
dão colorido às preparações. No entanto, quando cortadas ou
rasgadas com a mão, soltam uma babinha que lembra a do quiabo, o que
as toma mais originais e interessantes.
Seguindo
as regras de preparo de toda e qualquer hortaliça, quanto menos
cozimento mais crocantes e nutritivas elas ficam. É depois das
chuvaradas desta época do ano que as cercas-vidas da planta,
repletas de folhas viçosas, estão prontas para a colheita. É bom,
porém, tomar cuidado com os espinhos. Aos leitores do Degusta,
lembramos que a simplicidade é a melhor maneira de agradar. Por
isso, sugerimos hoje uma receita bem tradicional e saborosa feita com
a planta.
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