domingo, 10 de setembro de 2017

A Cultura do Mirtilo

A Cultura do Mirtilo


Em um trabalho da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos, experts viram o mirtilo atuando contra a hipertensão, que afeta três em cada dez brasileiros e também contribui para o coração pifar. Para a experiência, foram recrutadas 48 voluntárias pré-hipertensas ou com a doença em fase inicial. Só uma parte comeu 22 gramas de mirtilo congelado todos os dias (o equivalente a um copo da fruta fresca). Em apenas oito semanas, essas participantes vivenciaram uma queda de 5,1% na pressão sistólica e de 6,3% na diastólica. Segundo os autores do artigo, a façanha se deve a um estímulo à produção de óxido nítrico, molécula que relaxa os vasos e deixa o sangue fluir.

Para quem deseja prevenir lapsos de memória, o mirtilo também seria o alimento certo, como mostra uma pequena pesquisa da Universidade de Cincinnati, lá na terra do Tio Sam. Em 12 semanas, nove indivíduos mais velhos que tomaram o suco da fruta aprenderam e recordaram com mais facilidade uma lista de palavras. Isso provavelmente aconteceu porque o mirtilo ajuda a manter as taxas de açúcar no sangue sob controle. E quando os níveis glicêmicos estão equilibrados, a comunicação entre os neurônios é favorecida, o que contribui para que os processos cognitivos ocorram com maior eficiência.
A turma madura tem outro bom motivo para dar espaço ao mirtilo na geladeira: o alimento pode melhorar a mobilidade. Quem observou essa propriedade foram cientistas da Universidade Stetson, de novo nos Estados Unidos. Eles incentivaram pessoas com mais de 60 anos a consumirem dois copos da fruta congelada ou suco de cenoura diariamente por seis semanas. Ao final, o pessoal do mirtilo se deu melhor em testes que avaliavam o movimento das pernas durante as passadas e a velocidade de caminhada. Segundo o cinesiologista Matthew Schrager, autor da experiência, há boas chances de essa vantagem ser resultado da influência positiva dos compostos fenólicos no sistema nervoso.
Fruta relativamente desconhecida no país, o mirtilo (Vaccinium sp.) plantado na América do Sul vem ganhando cada vez mais espaço no mercado internacional, estimulado por suas características saudáveis. Produtores chilenos, argentinos e uruguaios são os que mais estão aproveitando a forte demanda na entressafra de países do Hemisfério Norte, principalmente dos Estados Unidos, e exportando para lá frutos frescos. Os brasileiros ainda não exploram todo o potencial dessa fruta, que é menor que a uva e da cor da jabuticaba, mas com sabor único. Como as demais frutas vermelhas, o mirtilo é ótima matéria-prima para a elaboração caseira de geleias, sucos, doces em pasta ou cristalizados, tortas e bolos, além de ser utilizado na indústria de polpas, frutas congeladas, iogurtes e sorvetes. De meados de outubro a metade de novembro é o período das melhores oportunidades de exportação de mirtilo, com valores que podem chegar a US$ 50 a embalagem de 2 quilos. Nos demais meses, o mercado internacional comprador paga de US$ 20 a US$ 24 pelo mesmo volume. O interesse pelo mirtilo é promovido pelas grandes quantidades de vitaminas A e B que contém, substâncias que combatem os radicais livres, produzem ação anti-inflamatória, melhoram a circulação, reduzem o colesterol ruim e favorecem a saúde dos olhos. A fruta também é dotada de ácido elágico, substância que tem mostrado propriedades inibidoras contra a replicação do vírus HIV, transmissor da aids - síndrome da imunodeficiência adquirida, além de potente inibidor da indução química do câncer. Falta de conhecimentos técnicos e pesquisas sobre adaptação das variedades restringem o cultivo de mirtilo a cerca de 150 hectares no país. Os gaúchos são os maiores produtores, com 150 toneladas obtidas em uma área de 40 hectares de plantio conduzida por 45 agricultores. As demais plantações encontram-se distribuídas pela região serrana de Santa Catarina, sul do Paraná e Serra da Mantiqueira, nos estados de São Paulo e Minas Gerais. Pertencente à família Ericaceae, o mirtilo produzido no Brasil é originário da América do Norte. As variedades mais utilizadas por aqui são as pertencentes ao grupo highbush, de arbustos altos, com cerca de 1,5 metro de altura; e as do grupo rabitteye, arbustos ainda mais altos, medindo de 2 a 4 metros.
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